01 outubro 2013

O que resta do que passa



A casa está vazia. Há um ligeiro eco apenas perceptível por quem lhe conhecia o som cheia. Pensava chegar e não ter o sofá para mim, a sala da entrada ocupada, talvez música ou a televisão ligada. O frio na barriga fez-me vir para casa a correr, inquieta, com um sentimento de incumprimento por não estar em casa a acolher quem chegou.
Por momentos, pensei que podia não conseguir entrar em casa.
Cheguei e estava tudo igual. Ninguém. As duas malas tinham saído da sala para o quarto.
E o sentimento de receio que me bloqueassem o acesso ao que é meu rapidamente passou para o sentimento de abandono.
Será que chega amanhã e diz que se vai embora?
E a varanda da vizinha também está vazia. Tinha ido quando voltei de férias. Despedimo-nos um mês antes porque era sempre na próxima semana que se ia embora.